Café com poesia


Para inaugurar o café com poesia, o autor Mário Quintana com seu poema " Os Poemas"

Os Poemas


Os poemas são pássaros que chegam

não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…

Um pouco mais sobre este autor:




Hoje, o café com poesia apresenta:


Manoel de Barros


O apanhador de desperdícios


Uso a palavra para compor meus silêncios.

Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

Um pouco mais sobre o autor:






23 de setembro de 2015

Vamos conhecer um pouco mais da obra de Manuel Bandeira no Café com poesia!


Os Sapos Enfunando os papos,Saem da penumbra,Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
— “Meu pai foi à guerra!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”.
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: — “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas…”

Um pouco mais sobre o autor


Hoje, 18 de Agosto de 2016, o Café com Poesia volta com tudo com os Dez Melhores Poetas de Todos os Tempos, boa leitura a todos!



Os dez melhores poetas de todos os tempos







Hoje, 08 de Setembro de 2016 o Café com poesias apresenta Deficiências de Mário Quintana!!

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

"Louco" é quem não procura ser feliz.

"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria. 

"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. 

"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.

"Diabético" é quem não consegue ser doce.

"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.

E "Miserável" somos todos que não conseguimos falar com Deus.

(Mário Quintana) 




Hoje, 10 de Outubro de 2016, vamos conhecer um pouco sobre a autora Elizabeth Bishop e seu poema "A arte de perder". 

A arte de perder

A arte de perder não é nenhum mistério; 
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério. Perca um pouquinho a cada dia. 
Aceite, austero, A chave perdida, a hora gasta bestamente. 
A arte de perder não é nenhum mistério. 
Depois perca mais rápido, com mais critério: 
Lugares, nomes, a escala subseqüente Da viagem não feita. 
Nada disso é sério. 
Perdi o relógio de mamãe. 
Ah! E nem quero Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério. 
Perdi duas cidades lindas. 
E um império Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. 
Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada. 
Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério.







21 de Maio de 2017 - Saudades do café com poesia? Eu também! Qual autor vamos conhecer hoje? 
Ou será autora? Pensei em Mary Elizabeth Frye, já ouviram falar? Eu conheci essa autora pela primeira vez, assistindo ao programa do Jô no ano de 2015, quando o apresentador fez uma homenagem à atriz Marília Pêra ao recitar este poema! 

Não Chore À Beira do Meu Túmulo
“Não chore à beira do meu túmulo,
eu não estou lá… eu não dormi.
Estou em mil ventos que sopram,
E a neve macia que cai.
Nos chuviscos suaves,
Nos campos de colheita de grãos.
Eu estou no silêncio da manhã.
Na algazarra graciosa,
De pássaros a esvoaçar em círculos.
No brilho das estrelas à noite,
Nas flores que desabrocham.
Em uma sala silenciosa.
No cantar dos pássaros,
Em cada coisa que lhe encantar.
Não chore à beira do meu túmulo desolado,
Eu não estou lá – eu não parti.”
    
Quer saber um pouco mais sobre esta autora?


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