O grito do silêncio





Silêncio
Nenhum ruído
Pela aresta da janela
Através da escuridão
De um chão batido
Vejo um homem perdido
Um som de um violino
Um mendigo esquecido
Um rapaz deprimido
Um casal namorando
Um amor proibido
Um bandido assaltando um carro
Um vulto escondido
Fumando um cigarro
Fecho as cortinas
Penso em tomar alguma bebida
Qualquer trago...
Masco um chiclete
Como um chocolate meio amargo
E permaneço deitado
Ouvindo o silêncio naufragado
Entrando por uma fresta
Junto ao assovio do vento                            
Passa o tempo...



Tento encontrar a lua
Vejo apenas algumas estrelas brilhantes
Na rua deserta
Quase nua
Com rastros de passantes
Um carroceiro
Um viajante
Uma cigana
Uma cartomante
Um perfume adocicado
Um grito abafado
Alguém desce e
Fecha a porta de um carro
Até parece algo raro
Claro!
Leio um soneto
Escrevo um bilhete
Para uma ruiva viúva
Que um dia avistei de preto
Por essas esquinas e becos
Apago a luz
Uma mariposa entra na sala
E o silêncio continua gritando
Entre roupas e malas
De uma viagem de sonhos
De um filme reprisado
Pela tv a cabo
Visto meu sobretudo
Permaneço quieto
Permaneço mudo
Tentando enxergar a voz do silêncio
Que ecoa no mundo
Leio um gibi de super-heróis
Lembro de um boy
Um menino jornaleiro
Que adormecia junto aos pássaros
Assoviando
Entre as nuvens
De um pessegueiro!
Sou um homem
De uma mente inquietante
Um homem caseiro
Um cantor solteiro
Quase um andarilho
Prisoneiro pensante
Que flutua
Sobre as ondas
De um silêncio constante
Que ainda insiste em gritar...






Um comentário:

  1. Nossa que profundo,viajei nessas palavras,adorei um beijo.

    https://alzineterodrigues.blogspot.com.br

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